Dead Can Dance na Casa da Música, Porto
Há na vida muitos momentos que nos marcam. A maior parte reconhecemo-los mais tarde (tarde demais?), mas outros, poucos, temos a sorte de os reconhecer enquanto os vivemos e, por isso, apreciamo-los em pleno, sabendo que vivemos a nossa própria História.
A música de Brendan Perry e Lisa Gerrard acompanhou-me na tristeza e solidão adolescente dos amores perdidos, dancei-a com abandono etílico nas noites da Jukebox, foi o som da noite e do dia, das alegrias e melancolias.
Os anos passaram, a vida mudou, tanto, e os DcD mantiveram-se presentes. Na ausência de novos álbuns ouvi os antigos, alguns ainda em vinil já muito gasto, outros em CD, agora no iPad. Misteriosamente, nunca perdeu actualidade, destino triste de tantas outras bandas e temas, irremediavelmente gastos, à espera de voltar a ter o espaço que dantes ocupavam no coração.
O concerto na Casa da Música foi um concerto emocional, hipnótico, transcendente. Com os acordes quentes, sedutores e familiares, o nó na garganta deu lugar a lágrimas de alegria, de reencontro, de prazer, acompanhando o que é, afinal, a banda-sonora da minha vida.
Obrigado, Dead Can Dance.